Depoimento – Experiências com a leitura e escrita
Eu sempre usei livro pra tanta coisa, que a
coisa que mais me espanta é ver gente vivendo sem livro. (Lygia Bojunga)
Quando
relembro as vivências passadas, várias cenas me vêm à memória. Em minha
infância, por exemplo, lembro-me de uma visita à casa de duas colegas, que eram
um pouco mais velhas do que eu (à época eu devia ter uns oito anos). Lá
encontrei, no quintal, um verdadeiro tesouro: uma cabaninha cheia de gibis da
Turma da Mônica. Passei o dia inteirinho entretida com as histórias, recusando
todas as brincadeiras que me propunham. A hora de ir embora foi bastante
penosa, pois tive que deixar aquelas pilhas de gibis coloridos e atraentes...
Até hoje sou fã de Mauricio de Sousa e leio sempre as HQs da turminha!
Já adolescente, por sugestão de um professor,
li a obra O mulato, de Aluísio Azevedo. Estava na 7ª série e foi o meu primeiro
romance adulto. O professor tinha sugerido apenas o primeiro capítulo, mas não
consegui mais parar de ler. Fiquei encantada com as cenas descritivas e a
história trágica de Raimundo. Após essa leitura, comecei a encarar vários
livros longos e me apaixonei por muitos clássicos da literatura. No Ensino
Médio, as aulas de Literatura eram minhas preferidas e, sempre que os
professores contavam uma história interessante, eu procurava ler a obra. Meu
repertório, assim, era muito maior que as leituras obrigatórias.
Na faculdade,
tive sorte de poder escolher várias das disciplinas que cursei. Minha escolha,
é claro, tinha a ver com literatura: estudei, como matérias optativas, as
literaturas árabe, grega, sânscrita, angolana, moçambicana, russa,
infanto-juvenil, latino-americana etc. Meu primeiro salário – na verdade a
primeira parcela da bolsa de Iniciação Científica – foi todo gasto em livros!
Quanto
à escrita, o gosto por escrever também foi uma característica forte de minha
infância e adolescência. Quando menina, adorava escrever livrinhos e, sempre
que visitava os tios e avós, passava horas produzindo histórias e fazendo
ilustrações. Tenho vários desses livrinhos guardados e, quando os leio, me
surpreendo com a criatividade que tinha. Na adolescência, fui adepta dos
diários e escrevia quase que diariamente, relatando fatos do cotidiano e
refletindo sobre as angústias e os anseios típicos dessa fase. Com a entrada na
faculdade, infelizmente, fui pouco a pouco abandonando essa escrita mais livre
e me familiarizando com a escrita acadêmica. A leitura por prazer, no entanto,
continua sendo uma prática constante em minha vida, por isso estranho, tal como
Lygia Bojunga, as pessoas que vivem sem livros.
Amei o seu depoimento!
ResponderExcluirMe identifiquei totalmente e me inspirei para fazer um relato mais detalhado da minha experiência como leitora.