quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Depoimento de Renata Asbahr


Depoimento – Experiências com a leitura e escrita

Eu sempre usei livro pra tanta coisa, que a coisa que mais me espanta é ver gente vivendo sem livro. (Lygia Bojunga)

                Os livros e a leitura sempre estiveram presentes em minha trajetória de modo bastante significativo, marcando fortemente minha vida pessoal e profissional. Em todos os momentos da minha vida, os textos escritos, especialmente os literários, sempre me acompanharam: nas viagens, nos percursos de ônibus, nos momentos de lazer, nas alegrias, nas decepções etc. A paixão pela leitura é uma de minhas principais características e foi decisiva em minha escolha profissional. A menina e a garota leitora tornaram-se professora de Português.
                Quando relembro as vivências passadas, várias cenas me vêm à memória. Em minha infância, por exemplo, lembro-me de uma visita à casa de duas colegas, que eram um pouco mais velhas do que eu (à época eu devia ter uns oito anos). Lá encontrei, no quintal, um verdadeiro tesouro: uma cabaninha cheia de gibis da Turma da Mônica. Passei o dia inteirinho entretida com as histórias, recusando todas as brincadeiras que me propunham. A hora de ir embora foi bastante penosa, pois tive que deixar aquelas pilhas de gibis coloridos e atraentes... Até hoje sou fã de Mauricio de Sousa e leio sempre as HQs da turminha!
 Já adolescente, por sugestão de um professor, li a obra O mulato, de Aluísio Azevedo. Estava na 7ª série e foi o meu primeiro romance adulto. O professor tinha sugerido apenas o primeiro capítulo, mas não consegui mais parar de ler. Fiquei encantada com as cenas descritivas e a história trágica de Raimundo. Após essa leitura, comecei a encarar vários livros longos e me apaixonei por muitos clássicos da literatura. No Ensino Médio, as aulas de Literatura eram minhas preferidas e, sempre que os professores contavam uma história interessante, eu procurava ler a obra. Meu repertório, assim, era muito maior que as leituras obrigatórias.
Na faculdade, tive sorte de poder escolher várias das disciplinas que cursei. Minha escolha, é claro, tinha a ver com literatura: estudei, como matérias optativas, as literaturas árabe, grega, sânscrita, angolana, moçambicana, russa, infanto-juvenil, latino-americana etc. Meu primeiro salário – na verdade a primeira parcela da bolsa de Iniciação Científica – foi todo gasto em livros!
                Quanto à escrita, o gosto por escrever também foi uma característica forte de minha infância e adolescência. Quando menina, adorava escrever livrinhos e, sempre que visitava os tios e avós, passava horas produzindo histórias e fazendo ilustrações. Tenho vários desses livrinhos guardados e, quando os leio, me surpreendo com a criatividade que tinha. Na adolescência, fui adepta dos diários e escrevia quase que diariamente, relatando fatos do cotidiano e refletindo sobre as angústias e os anseios típicos dessa fase. Com a entrada na faculdade, infelizmente, fui pouco a pouco abandonando essa escrita mais livre e me familiarizando com a escrita acadêmica. A leitura por prazer, no entanto, continua sendo uma prática constante em minha vida, por isso estranho, tal como Lygia Bojunga, as pessoas que vivem sem livros.

Um comentário:

  1. Amei o seu depoimento!
    Me identifiquei totalmente e me inspirei para fazer um relato mais detalhado da minha experiência como leitora.

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